Me pego pensando...
Amanheço comendo as minhas fezes de ilusão
Que às vezes, me faz transitar entre os mortos
E em cada copo de álcool, me sinto livre, cidadão
De um cão mundo, chamado: Sociedade!
Sem respeito a minha idade e sanidade
E em cada gole fico feliz por não estar na realidade
Pulso os meus pensamentos em gotas de alegria
Que as bebo com volúpia e sede...
Sede de fugir das verdades que costumo conhecer, conviver
Ou que sou obrigado a engolir... Consumir...
Mente e voz transplantadas pela reprodução social
Televisão... Um eremita cercados de pessoas
Que à toa me transforma num ser louco sensato
Livre e preso pelos grilhões sociais, políticos, remunerados
Onde me roubam tudo!... Menos o direito de comer as minhas fezes de ilusão
Num dia de verão... Como um vampiro audiovisual querendo belezas
Mesmo que falsas... Belezas!
E permaneço sem a minha natureza... Não encontrada...
Não vivida... Não consumida...
Sem nada!
E amanheço comendo as minhas fezes de ilusão
André Gomes - 2009
Sarau da Editora TextoTerritório
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